No mundo, os monumentos (estátuas, templos, memoriais, obeliscos e outras formas simbólicas grandiosas) são ainda poderosos meios de comunicar valores culturais. Independente da época em que foram construídos, os monumentos continuam sendo elementos centrais da iconografia política do território e tem um papel fundamental na criação e permanência de determinadas paisagens urbanas. Partindo desta compreensão criamos um mapa com ações geolocalizadas em resposta ao processo de apropriação dos territórios de convivência pública (política, simbólica e cultural) nas cidades. É esse corpo dentro dos territórios urbanos que fica virtualmente imortalizado como monumento nas ações performáticas de reflexão da sua própria realidade e sociedade.
Os Monumentos Virtuais formam um conjunto de representações das memórias do corpo na urbanidade, do qual a série audiovisual Corpo Monumento faz parte. É um estudo da representação histórica dos lugares, suas precarizações e potencialidades e a relação do corpo performático com as memórias desse território e do corpo nesse território. Passamos a dialogar a transterritorialidade dos espaços públicos urbanos com os espaços do corpo e a afirmação desses corpos nos territórios urbanos, como espaços de inquietação, conflitos e apaziguamento. A ação desse corpo monumentaliza suas representações, na qual outros referenciais de identificação surgem. Sugerimos uma continuidade à obra aberta, como um filme colaborativo sobre a afirmação desses corpos inquietos, em representação de sua individualidade e ressignificação em monumento. Corpo monumento é uma série de produções performáticas audiovisuais coletivas sobre nossos valores de representação, nossas memórias e culturas.
Cada artista poderá criar seu próprio monumento a partir de suas percepções, reflexões e narrativas. Ao adicionar no mapa seu perfil e seu monumento, esse artista recebe um Sticker Virtual com o QR CODE para impressão e instalação, que pode ser a colagem de lambe-lambe nas ruas. Cada ação performática transformada em monumento poderá ser acessada pelo celular, tablet, ou simplesmente através do mapa nessa plataforma web. As produções estarão dentro do mapa de monumentos com um banco de dados de cada artista produtor incluindo releases, fotos, históricos e produções. A plataforma web é aberta a cada artista que queira expressar sua narrativa.
Em 2014, produzimos o primeiro Monumento Virtual com objetivo de promover ações reflexivas no lugar de ocupação e resistência dentro do Cais José Estelita contra o projeto Novo Recife. Propusemos (re)pensar o espaço público como lugar de criação provocando experiências artísticas inspiradas na resistência e na luta. Nossa resposta compreendia a discussão sobre falta de moradia digna; ausência de melhorias na qualidade de vida da comunidade da antiga Ilha de Antônio Vaz; impacto ambiental nos bairros do Cabanga até São José; gentrificação desses bairros; destruição do patrimônio público e histórico nas cidades. Esse acontecimento era apenas um reflexo dos centros urbanos para os demais bairros periféricos. Uma iniciativa de formas de resistência aliadas à proposta de expressão para cada artista da cidade do Recife ou de outras cidades, de outros territórios que se encontram (hoje ainda) massacrados pelas hostilidades geradas da apropriação capitalista. As performances produzidas pelos grupos e artistas convidadxs refletem esse momento histórico e estético. O projeto Monumentos Virtuais é uma ação artística coletiva que acrescenta valores de representação e de narrativa ao que se compreende monumento.
O primeiro monumento foi produzido com essa carga contrária ao processo de especulação imobiliária que previa o desabamento do riqueza patrimonial e histórica a partir do discurso de progresso. Decidimos então dividir nossas angústias com outros artistas e coletivos artísticos e juntos elaboramos a ideia de monumentos a partir dos nossos corpos, ou seja, os nossos corpos monumentos que contam histórias e dialogam com tecnologias móveis. Chegamos à série Corpo Monumento com dez vídeos que dialogam sobre monumento, corpo e memória, mantendo a proposta de investigar os processo de transformação visual e sentimental do espaço público.
Ideia Alexandre Salomão e Philipe De Castro Argumento transmídia e corpo monumento Alexandre Salomão Concepção Alexandre Salomão, Luiz Manuel, Philipe De Castro e Zé Diniz Programador e designer Zé Diniz Implementação de novos projetos Alexandre Salomão, Gabriel Godoy, Lara Bione
Equipe técnica da primeira série audiovisual Corpo Monumento Alexandre Salomão – Direção, produção executiva, montagem e coordenação de pós produção; Luiz Manuel – Direção de produção e produção executiva; Ana Olívia Godoy, Breno César e Zé Diniz – Direção de fotografia; Lara Bione – Direção de som; Felipe Ferraz e Rick Almeida – Edição de imagens; Paulo de Andrade – Produção e Roteiro; Yuska Ferreira – Fotografia Still, Mateus Simon – Pesquisa histórica e revisão dos textos; Zé Diniz – Correção de cor, color grading e finalização. Coprodução Iyá Filmes.
A série audiovisual Corpo Monumento é um filme aberto, onde cada artista envia sua narrativa audiovisual, que é colocada num mapa e acessada nessa plataforma web. Em cada ponto do mapa é possível visualizar a proposta performática (do corpo monumento) com a descrição e um link para o release dx artistx ou grupo artístico. O corpo e suas (in)comunicabilidades reflexionando e se apropriando dos espaços urbanos e virtualizados.
Convidamos você para enviar sua ação performática e ter um espaço dentro dessa rede de resistência artística, aberta e colaborativa. Envie seu material ou do seu grupo através do formulário de inscrição. Qualquer artista pode criar a partir do seu próprio material ou do material aqui disponibilizado sob os direitos de distribuição CC BY SA.