Os Monumentos Virtuais formam um conjunto de representações das memórias do corpo na urbanidade, do qual a série audiovisual Corpo Monumento faz parte. É um estudo da representação histórica dos lugares, suas precarizações e potencialidades e a relação do corpo performático com as memória desse território e do corpo nesse território. Passamos a dialogar a transterritorialidade dos espaços públicos urbanos com os espaços do corpo e a afirmação desses corpos nos territórios urbanos, como espaços de inquietação, conflitos e apaziguamento. A ação desse corpo monumentaliza suas representações, na qual outros referenciais de identificação surgem. Sugerimos uma continuidade à obra aberta, como um filme colaborativo sobre a afirmação desses corpos inquietos, em representação de sua individualidade e ressignificação em monumento. Corpo monumento é uma série de produções performáticas audiovisuais coletiva sobre nossos valores de representação, nossas memórias individuais, coletivas e do lugar.
Cada artista poderá criar seu próprio monumento a partir de suas percepções, reflexões e narrativas. Ao adicionar no mapa seu perfil e seu monumento, esse artista recebe um Sticker Virtual com o QR CODE para impressão e instalação, que pode ser a colagem de lambe-lambe nas ruas. Cada ação performática transformada em monumento poderá ser acessada pelo celular, tablet, ou simplesmente através do mapa nessa plataforma web. As produções estarão dentro do mapa de monumentos com um banco de dados de cada artista produtor incluindo releases, fotos, históricos e produções. A plataforma web é aberta a cada artista que queira expressar sua narrativa.
Em 2014, produzimos o primeiro Monumento Virtual com objetivo de promover ações reflexivas no lugar de ocupação e resistência dentro do Cais José Estelita contra o projeto Novo Recife. Propusemos (re)pensar o espaço público como lugar de criação provocando experiências artísticas inspiradas na resistência e na luta. Nossa resposta compreendia a discussão sobre falta de moradia digna; ausência de melhorias na qualidade de vida da comunidade da antiga Ilha de Antônio Vaz; impacto ambiental nos bairros do Cabanga até São José; gentrificação desses bairros; destruição do patrimônio público e histórico nas cidades. Esse acontecimento era apenas um reflexo dos centros urbanos para os demais bairros periféricos. Uma iniciativa de formas de resistência aliadas à proposta de expressão para cada artista da cidade do Recife ou de outras cidades, de outros territórios que se encontram (hoje ainda) massacrados pelas hostilidades geradas da apropriação capitalista. As performances produzidas pelos grupos e artistas convidadxs refletem esse momento histórico e estético. O projeto Monumentos Virtuais é uma ação artística coletiva que acrescenta valores de representação e de narrativa ao que se compreende monumento.
O primeiro monumento foi produzido com essa carga contrária ao processo de especulação imobiliária que previa o desabamento do riqueza patrimonial e histórica a partir do discurso de progresso. Decidimos então dividir nossas angústias com outros artistas e coletivos artísticos e juntos elaboramos a ideia de monumentos a partir dos nossos corpos, ou seja, os nossos corpos monumentos que contam histórias e dialogam com tecnologias móveis. Chegamos à série Corpo Monumento com dez vídeos que dialogam sobre monumento, corpo e memória, mantendo a proposta de investigar os processo de transformação visual e sentimental do espaço público.